O texto do Tremblay traz uma discussão que inclusive levei recentemente ao ler um artigo de um colega sobre a Indústria dos Games. Também me faz parecer o uso de Sociedade da Informação como uma maneira de se destacar outra forma do capitalismo, quando o tipo de produção industrial continua o mesmo (talvez pudéssemos falar de uma Terceira Revolução Industrial). É inegável a importância da evolução tecnológica e da necessidade de produção de informação e do conhecimento para atender às demandas, inclusive, das indústrias tradicionais. Além disso, algo que apareceu até na disciplina de Audiovisualidades, concordo que, ao menos no caso dos meios de comunicação, cada novo meio traz um discurso de ruptura do passado e excelência por natureza; como se aquele meio fosse revolucionar tudo e quando posto em prática se vê que não confirma o discurso produzido.
Achei curioso o texto do Al Gore, ex-presidente estadunidense, pois nunca tinha visto de forma literal um "personagem político" tratar os cidadãos como clientes. Além disso, os pontos tratados ali apontam características do neoliberalismo, como no ponto de uma regulação flexível.
O termo gatismo em substituição à fase anterior, o fordismo, demonstra o entendimento do autor sobre a nova forma do capitalismo, com destaque para a importância da produção de conhecimento gerando novas tecnologias, o fato do softwares ser mais importante que o hardware. Assim como, algo destacado no comentário do professor, que apesar de estarmos numa fase que se costuma chamar de globalização ou transnacionalização, as mudanças não ocorrem de maneira homogênea através do mundo.
Ao final, ele afirma a necessidade de mudanças para uma efetiva democracia, levando-se em conta a importância da produção de informação no processo. Se a realidade dele, em que a chegada de grandes empresas estadunidenses é preocupante, o caso brasileiro ainda está num período em que as velhas oligarquias dominam, com lento processo de quedas de barreiras no setor de comunicação.
Difícil considerar a “sociedade da informação” e toda tecnologia inerente a sua implementação como apenas e “só” outra etapa na evolução do sistema capitalista como propõe o artigo, que pode ser contestado já pelas próprias colocações do autor que coloca o papel destacado e centralizado da informação na sociedade atual pautada pela necessidade de mudança constante, onde tudo se torna rapidamente obsoleto. Essa informação, na maioria dos casos “privilegiada” e “privilégio” de poucos, é processada tecnologicamente e pode ser o principal suporte para a evolução do sistema vigente de sociedade, não ocasionando uma ruptura com o capitalismo, mas talvez relegando a ele um papel secundário ou interdependente em relação aos processos de informação/tecnologia. O devido cuidado deve ser tomado com a obsessão pelo espetáculo e novidade, tendência a ampliar o impacto de cada “inovação”, que não possui força suficiente para reger um mercado por si só, mas sim através de sua dinâmica, direcionamento e amplitude como agente de mudança social. Claro que, pouco tempo atrás, poderia ser considerada profética a previsão de um mercado onde o poder da informação faria emergir nas economias dinâmicas uma posição pretensamente superior da concepção sobre a produção material, porém é, atualmente, apenas uma constatação que deveria dispor de ferramentas para uma interdependência criadora e criativa para subversão de padrões econômicos, sociais e estéticos vigentes.
Olha, eu gostei do texto. Trembley (em alguns sites aparece como Tremblay) aborda o fundo ideológico das discussões em torno das mudanças sociais, que são evidentes e que ninguém desmente, mas que levam a consequências distintas conforme a plataforma de onde são admiradas. O desafio é compreender a dinâmica, direção e amplitude destas mudanças, diz o autor. Ele se alinha com aqueles que defendem que o resultante destas mudanças não é um novo modelo de sociedade (que continua estruturada em um mercado que visa o lucro e que é estruturado a partir da venda da força de trabalho, ainda que essa força seja cada vez mais mental e menos braçal).
Trembley mostra que a Sociedade de Informação é uma reorganização da economia dentro de um mesmo sistema capitalista, que está sempre se reorganizando a partir das inovações científicas e tecnológicas, e que as grandes crises econômicas, políticas e sociais são resultados previsíveis do próprio modelo, que tem no oligopólio de mercado sua forma digamos “mais natural”. Essa ideia, acho eu, é complementar àquilo que estamos trabalhando na aula de Audiovisualidades, que trata mais das relações entre o indivíduo e as tecnologias, uma certa necessidade mais latente de se expressar e de se ver no produto audiovisual, um passo para além da posição de “mero espectador”. O que Trembley faz (como considero que de resto faz a Economia Política da Comunicação) é mostrar como funciona este mercado, estas relações entre empresas e Estado, que resultam na oferta destas tecnologias e novas plataformas de manifestação e comunicação. (Desculpem a referência a outras disciplinas, é que julguei pertinente fazer um link entre conteúdos e abordagens distintos de uma sociedade em mudança, mas ainda vinculada a um mesmo sistema econômico).
Para Trembley, a sociedade da informação não constitui uma ruptura radical com o sistema capitalista, e sim uma outra etapa na história deste sistema. E propõe o uso do termo gatesismo em substituição ao termo sociedade da informação, acentuando desta forma a caracterização deste momento de mudanças como uma nova etapa dentro do mesmo velho capitalismo, assim como foi o fordismo, de procura incessante das empresas (e oligopólios) pelo acúmulo cada vez maior de capital. É assim que o sistema funciona, independe se a empresa vende sabão ou software. Claro que, se os consumidores estão mais atentos e exigentes, podem se organizar e exigir certos cuidados em relação ao meio ambiente, por exemplo. Claro que, organizados, os trabalhadores podem exigir direitos sociais. Mas o sistema, afirma Trembley, continua organizado sobre normas de produção e de consumo, ainda que estas normas se adaptem ao tempo e ao espaço históricos (no gatesismo, por exemplo, há a globalização do capital e a flexibilização da regulação, antes exercida pelo Estado, e ganham força os acordos internacionais e contratos entre o poder público e grandes conglomerados empresariais).
Quanto ao vídeo 2012 e sua proposta de lembrar culturas antigas que afirmam que o mundo passa agora (ou passará muito em breve) por mudanças significativas, considero feliz a lembrança de que consequências negativas para o planeta são decorrentes da própria ação do homem (e da industrialização sem contrapartidas sociais e ambientais). É curioso aí o papel de Al Gore, que é citado no texto como representante do sistema capitalista em sua pior faceta, o neoliberalismo, e ao mesmo tempo tem uma trajetória pessoal em que carrega a bandeira da defesa do meio ambiente. Neste sentido, Al Gore também poderia ser um link entre o texto e o vídeo.
Acredito que o debate central do texto, vai um pouco além da constatação ou da não constatação, de que o advento da tecnologia tenha mudado o formato do capitalismo. É sabido que o capitalismo tende a evoluir junto com a sociedade. Contudo, o que o texto propõe, muito além de afirmar, ou infirmar é discutir como a tecnologia está influenciando na maneira de negociar e consumir o produto e a informação na contemporaneidade. Não acredito que somente o fato de a informação ter se convertido em fator de produção, possa configurar um novo capitalismo. Contudo, este formato tem cada vez mais impacto na industria e na sociedade. Um software, por exemplo, é uma informação. As vezes compartilhada, as vezes detida na empresa que o distribui. As empresas estão atrás de profissionais capazes de desenvolverem softwares novos. E isso afeta também a sociedade, pois cada vez mais, jovens estudantes de ciencias da computação, estão desenvolvendo programas, aplicativos, que são grandes geradores de renda. É impossível não perceber que a busca pelos novos profissionais está no campo do conhecimento, muito mais do que da produção. Em 2010, as 4 empresas mais valorizadas no mundo foram: o google, a IBM, a Apple e a Microsoft, nesta ordem. Todas, empresas voltadas para informação, como produto. Portanto, se o gatesismo, nada mais é do que uma evolução tecnologica do fordismo, é preciso pensar de que maneira esta mudança irá afetar, ou já afetou a nossa sociedade. Refletir sobre quais são as novas profissões que tem surgido no mercado, que tipo de empresa pode ser mais lucrativa, como isto tem afetado o estado. Conhecendo o modelo organizacional deste Capitalismo Informacional, nós enquanto detentores da Informação, podemos quem sabe agora, realizar mudanças a favor de uma sociedade mais democratica, de um capitalismo menos agressivo. "É a ação do saber sobre o saber"
A discussão de Trembley retoma um ponto já discutido por diversos autores das ciências sociais contemporâneas: qual o status das transformações socioeconômicas recentes? Trata-se de uma ruptura radical em relação ao passado? Qual a grau de continuidade com a experiência histórica pregressa, de expansão do capitalismo e de industrialização das sociedades? As discussões de David Held e de Paul Hirst vêm automaticamente à mente quando se começa a debater tal tema, uma vez que o problema de pôr em debate a natureza dos processos de integração mundial e de expansão do sistema capitalista são temas da ordem do dia. A necessidade de considerar a sociedade da informação como uma ideologia aparece como a primeira opção de Trembley, que apresenta os argumentos da SI como estratégias capazes de legitimar a organização social contemporânea. A discussão contra o determinismo tecnológico aparece como o primeiro oponente, num embate fácil de vencer. O oponente que encarna este tópico é Castells. A posição de Trembley em relação ao autor é curiosa, pois seu ataque, embora válido, parece ter perdido o foco. Na verdade, é curioso que centre sua discussão no ponto do paradigma das tecnologias da informação, tema que ocupa apenas parte da trilogia do sociólogo catalão, quando, na verdade, o assunto central de “A Sociedade em Rede” é a organização das redes informacionais em termos de seu caráter flexível e contingente no que se refere à organização do espaço-tempo, opção que, segundo Castells, ganharia força devido às conseqüências da complexificação social contemporânea, e não à determinação informacional. O conceito de Trembley de gatesismo pretende frisar a relevância das relações econômicas financeirizadas e globalizadas, relevantes à medida que conseguem securitizar a maior diversidade possível de atividades produtivas. O tema dos modos de regulação vem à tona neste sentido, na expectativa de pensar o modelo que se desenvolve após a crise do fordismo atlântico. A convergência de setores econômicos distintos; o redimensionamento, sem exclusão de relevância, do Estado-nação; a internacionalização do mercado; todos são traços importantes neste processo.
5 comentários:
O texto do Tremblay traz uma discussão que inclusive levei recentemente ao ler um artigo de um colega sobre a Indústria dos Games. Também me faz parecer o uso de Sociedade da Informação como uma maneira de se destacar outra forma do capitalismo, quando o tipo de produção industrial continua o mesmo (talvez pudéssemos falar de uma Terceira Revolução Industrial). É inegável a importância da evolução tecnológica e da necessidade de produção de informação e do conhecimento para atender às demandas, inclusive, das indústrias tradicionais. Além disso, algo que apareceu até na disciplina de Audiovisualidades, concordo que, ao menos no caso dos meios de comunicação, cada novo meio traz um discurso de ruptura do passado e excelência por natureza; como se aquele meio fosse revolucionar tudo e quando posto em prática se vê que não confirma o discurso produzido.
Achei curioso o texto do Al Gore, ex-presidente estadunidense, pois nunca tinha visto de forma literal um "personagem político" tratar os cidadãos como clientes. Além disso, os pontos tratados ali apontam características do neoliberalismo, como no ponto de uma regulação flexível.
O termo gatismo em substituição à fase anterior, o fordismo, demonstra o entendimento do autor sobre a nova forma do capitalismo, com destaque para a importância da produção de conhecimento gerando novas tecnologias, o fato do softwares ser mais importante que o hardware. Assim como, algo destacado no comentário do professor, que apesar de estarmos numa fase que se costuma chamar de globalização ou transnacionalização, as mudanças não ocorrem de maneira homogênea através do mundo.
Ao final, ele afirma a necessidade de mudanças para uma efetiva democracia, levando-se em conta a importância da produção de informação no processo. Se a realidade dele, em que a chegada de grandes empresas estadunidenses é preocupante, o caso brasileiro ainda está num período em que as velhas oligarquias dominam, com lento processo de quedas de barreiras no setor de comunicação.
Difícil considerar a “sociedade da informação” e toda tecnologia inerente a sua implementação como apenas e “só” outra etapa na evolução do sistema capitalista como propõe o artigo, que pode ser contestado já pelas próprias colocações do autor que coloca o papel destacado e centralizado da informação na sociedade atual pautada pela necessidade de mudança constante, onde tudo se torna rapidamente obsoleto. Essa informação, na maioria dos casos “privilegiada” e “privilégio” de poucos, é processada tecnologicamente e pode ser o principal suporte para a evolução do sistema vigente de sociedade, não ocasionando uma ruptura com o capitalismo, mas talvez relegando a ele um papel secundário ou interdependente em relação aos processos de informação/tecnologia. O devido cuidado deve ser tomado com a obsessão pelo espetáculo e novidade, tendência a ampliar o impacto de cada “inovação”, que não possui força suficiente para reger um mercado por si só, mas sim através de sua dinâmica, direcionamento e amplitude como agente de mudança social. Claro que, pouco tempo atrás, poderia ser considerada profética a previsão de um mercado onde o poder da informação faria emergir nas economias dinâmicas uma posição pretensamente superior da concepção sobre a produção material, porém é, atualmente, apenas uma constatação que deveria dispor de ferramentas para uma interdependência criadora e criativa para subversão de padrões econômicos, sociais e estéticos vigentes.
Renata Heinz
Olha, eu gostei do texto. Trembley (em alguns sites aparece como Tremblay) aborda o fundo ideológico das discussões em torno das mudanças sociais, que são evidentes e que ninguém desmente, mas que levam a consequências distintas conforme a plataforma de onde são admiradas. O desafio é compreender a dinâmica, direção e amplitude destas mudanças, diz o autor. Ele se alinha com aqueles que defendem que o resultante destas mudanças não é um novo modelo de sociedade (que continua estruturada em um mercado que visa o lucro e que é estruturado a partir da venda da força de trabalho, ainda que essa força seja cada vez mais mental e menos braçal).
Trembley mostra que a Sociedade de Informação é uma reorganização da economia dentro de um mesmo sistema capitalista, que está sempre se reorganizando a partir das inovações científicas e tecnológicas, e que as grandes crises econômicas, políticas e sociais são resultados previsíveis do próprio modelo, que tem no oligopólio de mercado sua forma digamos “mais natural”. Essa ideia, acho eu, é complementar àquilo que estamos trabalhando na aula de Audiovisualidades, que trata mais das relações entre o indivíduo e as tecnologias, uma certa necessidade mais latente de se expressar e de se ver no produto audiovisual, um passo para além da posição de “mero espectador”. O que Trembley faz (como considero que de resto faz a Economia Política da Comunicação) é mostrar como funciona este mercado, estas relações entre empresas e Estado, que resultam na oferta destas tecnologias e novas plataformas de manifestação e comunicação. (Desculpem a referência a outras disciplinas, é que julguei pertinente fazer um link entre conteúdos e abordagens distintos de uma sociedade em mudança, mas ainda vinculada a um mesmo sistema econômico).
Para Trembley, a sociedade da informação não constitui uma ruptura radical com o sistema capitalista, e sim uma outra etapa na história deste sistema. E propõe o uso do termo gatesismo em substituição ao termo sociedade da informação, acentuando desta forma a caracterização deste momento de mudanças como uma nova etapa dentro do mesmo velho capitalismo, assim como foi o fordismo, de procura incessante das empresas (e oligopólios) pelo acúmulo cada vez maior de capital. É assim que o sistema funciona, independe se a empresa vende sabão ou software. Claro que, se os consumidores estão mais atentos e exigentes, podem se organizar e exigir certos cuidados em relação ao meio ambiente, por exemplo. Claro que, organizados, os trabalhadores podem exigir direitos sociais. Mas o sistema, afirma Trembley, continua organizado sobre normas de produção e de consumo, ainda que estas normas se adaptem ao tempo e ao espaço históricos (no gatesismo, por exemplo, há a globalização do capital e a flexibilização da regulação, antes exercida pelo Estado, e ganham força os acordos internacionais e contratos entre o poder público e grandes conglomerados empresariais).
Quanto ao vídeo 2012 e sua proposta de lembrar culturas antigas que afirmam que o mundo passa agora (ou passará muito em breve) por mudanças significativas, considero feliz a lembrança de que consequências negativas para o planeta são decorrentes da própria ação do homem (e da industrialização sem contrapartidas sociais e ambientais). É curioso aí o papel de Al Gore, que é citado no texto como representante do sistema capitalista em sua pior faceta, o neoliberalismo, e ao mesmo tempo tem uma trajetória pessoal em que carrega a bandeira da defesa do meio ambiente. Neste sentido, Al Gore também poderia ser um link entre o texto e o vídeo.
Luciano Gallas
Acredito que o debate central do texto, vai um pouco além da constatação ou da não constatação, de que o advento da tecnologia tenha mudado o formato do capitalismo. É sabido que o capitalismo tende a evoluir junto com a sociedade. Contudo, o que o texto propõe, muito além de afirmar, ou infirmar é discutir como a tecnologia está influenciando na maneira de negociar e consumir o produto e a informação na contemporaneidade.
Não acredito que somente o fato de a informação ter se convertido em fator de produção, possa configurar um novo capitalismo. Contudo, este formato tem cada vez mais impacto na industria e na sociedade. Um software, por exemplo, é uma informação. As vezes compartilhada, as vezes detida na empresa que o distribui. As empresas estão atrás de profissionais capazes de desenvolverem softwares novos. E isso afeta também a sociedade, pois cada vez mais, jovens estudantes de ciencias da computação, estão desenvolvendo programas, aplicativos, que são grandes geradores de renda. É impossível não perceber que a busca pelos novos profissionais está no campo do conhecimento, muito mais do que da produção.
Em 2010, as 4 empresas mais valorizadas no mundo foram: o google, a IBM, a Apple e a Microsoft, nesta ordem. Todas, empresas voltadas para informação, como produto.
Portanto, se o gatesismo, nada mais é do que uma evolução tecnologica do fordismo, é preciso pensar de que maneira esta mudança irá afetar, ou já afetou a nossa sociedade. Refletir sobre quais são as novas profissões que tem surgido no mercado, que tipo de empresa pode ser mais lucrativa, como isto tem afetado o estado. Conhecendo o modelo organizacional deste Capitalismo Informacional, nós enquanto detentores da Informação, podemos quem sabe agora, realizar mudanças a favor de uma sociedade mais democratica, de um capitalismo menos agressivo. "É a ação do saber sobre o saber"
William Mayer
A discussão de Trembley retoma um ponto já discutido por diversos autores das ciências sociais contemporâneas: qual o status das transformações socioeconômicas recentes? Trata-se de uma ruptura radical em relação ao passado? Qual a grau de continuidade com a experiência histórica pregressa, de expansão do capitalismo e de industrialização das sociedades? As discussões de David Held e de Paul Hirst vêm automaticamente à mente quando se começa a debater tal tema, uma vez que o problema de pôr em debate a natureza dos processos de integração mundial e de expansão do sistema capitalista são temas da ordem do dia. A necessidade de considerar a sociedade da informação como uma ideologia aparece como a primeira opção de Trembley, que apresenta os argumentos da SI como estratégias capazes de legitimar a organização social contemporânea. A discussão contra o determinismo tecnológico aparece como o primeiro oponente, num embate fácil de vencer. O oponente que encarna este tópico é Castells. A posição de Trembley em relação ao autor é curiosa, pois seu ataque, embora válido, parece ter perdido o foco. Na verdade, é curioso que centre sua discussão no ponto do paradigma das tecnologias da informação, tema que ocupa apenas parte da trilogia do sociólogo catalão, quando, na verdade, o assunto central de “A Sociedade em Rede” é a organização das redes informacionais em termos de seu caráter flexível e contingente no que se refere à organização do espaço-tempo, opção que, segundo Castells, ganharia força devido às conseqüências da complexificação social contemporânea, e não à determinação informacional. O conceito de Trembley de gatesismo pretende frisar a relevância das relações econômicas financeirizadas e globalizadas, relevantes à medida que conseguem securitizar a maior diversidade possível de atividades produtivas. O tema dos modos de regulação vem à tona neste sentido, na expectativa de pensar o modelo que se desenvolve após a crise do fordismo atlântico. A convergência de setores econômicos distintos; o redimensionamento, sem exclusão de relevância, do Estado-nação; a internacionalização do mercado; todos são traços importantes neste processo.
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