terça-feira, 22 de junho de 2010

A publicidade e o mito do jovem contemporâneo

Olá.

O objetivo do vídeo é observar mais de perto um insight a que o artigo da disciplina me remeteu: a mudança do perfil de jovem construído pela publicidade dos anos 80 para cá. Agora, depois de haver escrito algumas coisas e brincado neste vídeo, isso parece-me óbvio. E no entanto não o era antes.

O jovem “dourado” da publicidade hoje saiu do yuppie financeiramente bem sucedido para outro tipo de perfil. Este perfil parece-me a primeira vista uma retomada (se é que algum dia deixou de ser uma ideologia forte entre os jovens) dos ideais românticos com algumas características específicas da contemporaneidade:

1. o elemento de rebeldia que caracterizou as vanguardas (historicamente articuladoras aguerridas do discurso romântico) se apaga e tende a ser absorvida pelo mercado, que usa da criatividade desse jovem para gerar riqueza. O jovem por sua vez aceita isso aparentemente sem problemas de ordem moral (como seus pares desde o século retrasado), aceitando negociar arte/expressão com exigências de mercado. Renascença de novo.

2. O sucesso antes caracterizado pelas vitórias materiais passa a ser insuficiente (embora nunca rejeitado enquanto valor positivo), mas a verdadeira fonte de sucesso passa a ser a capacidade do indivíduo em explorar-se e expressar-se, realizando seus desejos tanto profissionalmente quanto do ponto de vista pessoal. Essa diferença, aliás, entre o mundo do trabalho e o mundo pessoal dilui-se. Sem novidade quanto a isso, mas é interessante ver as maneiras como o discurso da publicidade articula isso.

3. As marcas discursivas desse mito do jovem são oferecidas (até onde meus primeiros movimentos alcançaram) de duas maneiras: a) ao discurso publicitário já não basta apenas mostrar jovens criando, inventando e inovando, mas tem também que mostrar as marcas que levaram a essa produção. Making-offs e câmeras “desinteressadas” mostrando bastidores e, principalmente, revelando um pouco da identidade desses jovens e de seus estilos de vida. Mesmo os vts televisivos – mais restritos em função de seu tamanho e custos – parecem explorar esses aspectos, seja no próprio discurso seja remetendo a outras fontes midiáticas (links com blogs, hot-sites, flash-mobs, redes sociais, articulações diversas entre ações e midias) onde se pode descobrir mais da ação, evento ou filme produzido. B) os jovens são mostrados preferencialmente de forma a mostrar tanto competência profissional quanto habilidades sociais, tecnológicas e, principalmente, de expressões pessoais de identidade. Isso normalmente se traduz em narrativas de poéticas de auto-descoberta tradicionais ao mundo da arte.

4. Não posso deixar de pensar na relação entre essa construção mitológica do jovem com os discursos das indústrias culturais, para quem esse personagem parece ter sido feito. Seria um interessante caminho a ser pesquisado. Se isso existe de fato e como se articula.

5. Em relação ao vídeo propriamente dito – apesar da falta de tempo para produzi-lo de forma mais adequada – foi uma pequena viagem de experimentações que a bastante tempo não fazia. Deixei de produzir e editar vídeos a cerca de quatro anos e sempre me faz falta. A disciplina me obrigou a fazer alguma coisa o que foi ótimo e um prazer inesperado. O mais divertido é que troquei todos os computadores de casa duas semanas atrás e estava sem nenhum software para edição profissional. Isso me fez pesquisar o I-Movie, que é um software de “brincadeira” da Apple e que apesar de muito limitado me obrigou a criar soluções de produção rápida e descobrir alguns softwares bacanas prá criar estéticas. Tais softwares são considerados “tabu” entre os editores, porque são soluções caseiras. Sendo bem sincero, não fosse a necessidade e a falta de tempo para ficar instalando novos softwares, dificilmente usaria esses brinquedos. Ahahahha... e no entanto, devo dizer que apesar da noite em claro foi muito prazeiroso de fazê-lo, ainda que lamente – claro – por todas as coisas que gostaria de ter feito e simplesmente não tive tempo.

Ps: fiz o vídeo pensando em apresentação tela cheia - projetada -, o que quer dize que muitas das fontes ficarão muito pequenas. Sugiro a visualização no youtube que tem um tamanho melhor.

http://www.youtube.com/watch?v=JanMGsoHumI

Abraços,

Marsal Branco


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